A SCUPA está enquadrada nos limites do
antigo bairro dos pescadores, que se estendia até ao rio, tendo pelo meio as
salinas. A lembrar o antigo bairro, de onde são oriundos tantos dos pescadores
do Montijo e suas famílias, edificou-se o busto do Pescador Montijense no
emblemático Largo dos Pescadores e na Avenida com o mesmo nome.
A SCUPA continua a ser uma referência na cultura fluvial do Montijo e, como afirmava a Presidente da Câmara, o Museu “não pretende ser um depositário de memórias mas uma entidade viva”, ligada à comunidade e em diálogo permanente com ela. Um lugar onde a comunidade se revê, no passado como no presente e também para pensar o futuro, já que ambos são feitos da mesma matéria. Adianta ainda que o apoio às obras do museu faz parte de um projecto maior de valorização do património, que integra a ligação da cidade ao seu rio com o Plano Estruturante da zona Ribeirinha. O Museu não podia estar mais próximo da sua comunidade de origem e nasce da necessidade de a evocar, símbolo identitário de referência do Montijo. A colecção do Museu começou a ser feita em 1988, por iniciativa do presidente de então, Manuel Luís Pereira dos Santos, filho de pescadores. Procedeu-se à recolha de peças por sócios da SCUPA, de doações de pescadores, antigos pescadores e de outras pessoas da comunidade. Fizeram-se miniaturas de embarcações tradicionais, restauraram-se peças e reproduziram-se ambientes e lugares que faziam parte do dia-a-dia da faina, como a tasca reproduzida à escala real, que funcionava também como "venda" e que constituía o lugar de encontro por excelência. O Museu oferece-nos um modelo em miniatura da antiga arte fixa que se praticava no rio (tapa-esteiros, vulgo cerco ou armação), documentos relativos às embarcações, uma embarcação de pesca tradicional, recuperada, que funcionava como “enviada”, redes e outros apetrechos. Tem também uma sala dedicada às Festas e Tradições Religiosas, como as Festas de São Pedro (ou dos Pescadores), cuja organização cabe à SCUPA, e uma outra dedicada ao tráfego de cargas e descargas. O Museu é uma extensão da SCUPA e a sua existência deve-se a ela. Criada exclusivamente para servir os pescadores do Montijo, a SCUPA pertence hoje a toda a comunidade. Em cerca de 400 sócios, são poucos os pescadores profissionais. Até ao início dos anos setenta só eram admitidos pescadores e seus familiares. Funcionava como Cooperativa de Consumo, os pescadores descontavam dos seus rendimentos para o benefício de todos. Cada um pagava o que podia. Era como um “mealheiro dos pescadores e tinha uma função social muito forte”, diz-nos o Presidente. As sucessivas crises do sector e o envelhecimento da população obrigaram-na a uma reconversão, hoje essencialmente Cooperativa Cultural que promove, para além das festas com a Autarquia, actividades turísticas como os passeios no Tejo a bordo de uma embarcação tradicional restaurada também com o seu apoio. Esta embarcação, Deolinda Maria, é a menina dos olhos do Presidente, também ele antigo pescador e familiar de pescadores. A embarcação à vela foi construída de raiz nos estaleiros do Montijo e depois motorizada para o turismo. O seu mestre é um velho lobo-do-mar, José António Aranha, (filho de um fundador da SCUPA, António Neto Aranha) hoje reformado, mas nem por isso afastado do rio... Tal como Lucas Júnior, velho amigo e colaborador da Mútua há muitos anos. O espólio já existe e está guardado no sótão da sede da Sociedade Cooperativa União Piscatória Aldegalense (SCUPA, responsável pela iniciativa e que terá um funcionário no local) mas “precisa de ser tratado museologicamente e de um espaço digno”. O Museu do Pescador está instalado no primeiro andar da sede da cooperativa. Barcos, artefactos usados na pesca, como redes, cédulas marítimas e outros apetrechos vão ficar em exposição ao público. Apesar de já não existir uma comunidade piscatória significativa, a pesca faz parte da tradição do Montijo.“Neste momento, haverá quatro ou cinco pescadores no activo. O resto é de recreio”, afirmou o vice-presidente do município. O assoreamento do rio Tejo e a poluição das águas provocada pela indústria, nomeadamente a Quimigal, foram as principais causas para o desaparecimento de várias espécies e da actividade piscatória. As ostras que, eram famosas, desapareceram há várias décadas 100.º Aniversário SCUPA Galeria de Imagens |
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